A sucessão é uma das maiores causas do alto grau de mortalidade das empresas familiares. A passagem do bastão de uma geração para a outra pode ser um momento traumático para a empresa, pelo risco de que os valores do fundador se percam e conflitos familiares draguem valor do negócio.

A sucessão não é um evento único, que ocorre no momento da troca do comando. Ela é um processo, que se inicia com o preparo dos sucessores e sucedidos e finaliza com a efetiva transferência do poder entre as gerações.

Muitas vezes esse tema não é abordado de maneira profunda, principalmente pelo sucedido, porque significa trazer à discussão a questão da finitude, do fim da vida, o que leva à evitação e à instauração de uma verdadeira conspiração do silêncio, em que o assunto não é abordado abertamente entre todos os envolvidos.

Por isso, um dos aspectos que costuma ser negligenciado, e que não deveria, é o enfoque no sucedido. Não se trata simplesmente de se preparar um filho para ocupar a posição do pai, mas também de entender que para esse pai é um momento difícil e que portanto novos caminhos precisarão ser construídos. Se o sucedido não tiver um plano futuro que o estimule, a sua retirada poderá ser um grande sofrimento, tornando penoso o processo sucessório.

O planejamento sucessório contempla várias etapas e requer ações de responsabilidade do sucessor e do sucedido, por isso uma discussão importante é quanto à escolha de um membro da família ou um profissional de mercado. Primeiramente, é preciso estabelecer o perfil do futuro CEO e das próximas lideranças, considerando as perspectivas atuais e futuras do negócio, além de aspectos comportamentais e técnicos. Os critérios de avaliação precisam ser definidos de forma clara e objetiva. O preparo dos possíveis sucessores também é fundamental, sendo recomendado que a família empresária tenha instituído um plano de desenvolvimento de herdeiros, que não só preparará as gerações mais novas para as posições de liderança mas para que também possam ser bons acionistas mesmo quando não atuarem nos negócios. Por fim, o planejamento sucessório deve contemplar o preparo do sucedido, como já dito, além dos demais familiares e dos colaboradores da empresa. Ter o envolvimento do conselho de administração nesse processo é muito valioso.

Danielle Quintanilha Merhi e Adriano Salvi, Sócio-fundadores da UTZ Soluções para Empresas Familiares.

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